É tempo de esportes. Nossa cidade virou o palco do maior evento esportivo do mundo, todos os olhos se voltaram para nós e o Brasil foi o corpo em que o espírito olímpico encarnou. Isso me transporta diretamente para o início dos anos 2000, para o micro universo da minha escola e para o período mais aguardado do ano: as olimpíadas maristas, onde aprendi uma lição sobre como enxergar novas oportunidades.
Como bom tijucano praticante, e graças a minha avó, pude estudar no colégio São José, uma escola enorme, com centenas de metros quadrados e atividades para dar vazão ao corpo e à mente. Sempre vivas na minha memória são as aulas de filosofia e sociologia, que foram pontos de virada na minha trajetória. Posso dizer que foram momentos onde nos ensinavam a pensar por nós mesmos. Aristóteles, Platão, Weber, Marx e tantos outros pensadores iluminaram nossas mentes e colocaram outro tipo de óculos em nossos olhos: o óculos da pergunta, do questionamento.
Outros óculos: nova visão
Como a realidade aumentada do app Pokémon Go, que projeta os Pokémons por onde o usuário passa, para mim, aquelas lentes projetavam pontos de interrogação sobre todas as coisas e me faziam pensar sobre elas. Mas o que isso tem a ver com esporte e olimpíada? Bem, um dos primeiros “ahás” que tive, foi justamente durante uma partida de handball.
Antes de tudo, gostaria de explicar o que é um momento “ahá”: essa pequena onomatopeia é o som que emitimos quando fazemos uma descoberta ou concluímos um pensamento que nos traz um novo aprendizado. Inclusive, sua origem vem de uma metodologia de projetos colaborativos chamada Dragon Dreaming, mas esse é assunto para uma outra conversa.
Voltando ao handball, ganha quem marca mais gols e, para isso, o time que está na defesa precisa fazer uma barreira em volta da área protegendo o gol da invasão do time adversário. Diferentemente do futebol, todo o time trabalha junto no ataque e, se a bola é perdida, todos correm para fazer a barreira de proteção. Saber penetrar nessa barreira é o grande truque do jogo.
Em um certo jogo do meu time experimentamos uma barreira quase impenetrável que respondia se moldando a cada movimento nosso. Estando ali colado na barreira, fazendo todos os dribles de corpo possíveis, ainda assim parecia impossível penetrar. Foi só quando estive na posição de armador, que pude ficar mais afastado da barreira de defesa e usei aqueles óculos para ver o que estava acontecendo.
Leia mais: 5 lições do esporte para a vida
Ahá!
O que aconteceu foi que, uma vez longe da barreira, vi claramente as brechas que possibilitavam a entrada e o gol. Essa posição me tirava do problema e me colocava num local onde eu podia olhar para situação de fora dela. E aí bateu: ahá! Foi quando parei de tentar resolver o problema que a solução emergiu. Muitas vezes imersos em nossas questões, estamos perto da barreira tentando achar uma brecha para passar. Mas a brecha está lá, sempre tem uma brecha, mesmo que não seja exatamente para marcar um gol.
Não ganhamos aquela partida, mas o que eu ganhei ali, me levou para outras muitas vitórias. Quando temos a questão trabalhada dentro de nós, o mundo se torna um campo fértil de soluções e apresenta suas brechas e caminhos. Respirar (e não pirar) é parte da solução.
Raça, time!
Veja mais: Como ficar tranquilo em um mundo estressado