Vou me aposentar e parar de trabalhar. Se você não se reconhece nesta afirmação, siga a leitura. É cada vez mais comum trabalhar depois da aposentadoria, seja pela necessidade de continuar gerando renda para garantir o padrão de vida, seja pelo desejo de seguir na atividade. Para quem quer aproveitar essa fase da vida e fazer algo novo, o empreendedorismo surge como uma alternativa saudável tanto em termos financeiros quanto motivacionais.
Para Claudia Soares do Instituto IPROS, ONG que promove o empreendedorismo social, não é somente a preocupação com o valor pago pela previdência pública que move as pessoas a empreenderem na terceira idade. Outros fatores como o incentivo dado pelo governo, a realização pessoal causada pela rotina de trabalho e o aumento da renda também pesam para essa decisão. Conversamos mais com Claudia sobre essa tendência. Confira:
Fatores que incentivam o empreendedorismo
Diferente do que muitas pessoas pensam, saber empreender não é um talento nato. Atualmente, é possível buscar uma série de especializações sobre Educação Empreendedora e, assim, desenvolver as competências necessárias para administrar um negócio próprio.
O empreendedorismo ganhou força em todas as partes do mundo como alternativa para a promoção do desenvolvimento profissional e da independência financeira. E, especificamente no Brasil, essa prática encontrou um ambiente social e cultural bastante propício.
De acordo com a última pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, 34 em cada 100 brasileiros adultos, ou seja, com idades entre 18 e 64 anos, possuem uma empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio.
Características que auxiliam a empreender na terceira idade
Partindo do entendimento de que empreender é pôr em prática a capacidade de sonhar, planejar e realizar, na aposentadoria é bastante comum que as pessoas concentrem suas energias para trabalhar com o que realmente gostam. E várias características auxiliam para isso, tais como possuir uma rede de contatos mais qualificada e uma biografia profissional que permite mapear os pontos fracos e fortes das habilidades e competências individuais. Também conta a experiência como consumidor, que possibilita perceber os problemas que levam a empreender para suprir uma carência de atendimento do mercado.
Eu fico espantada com a quantidade de trabalhos que faço, principalmente no fim do ano quando costumo fornecer para lojas também.
Foi o que aconteceu com Carmen Lahmeyer, que viu na perda do emprego a chance de poder trabalhar como queria. “Eu sempre atuei no mercado de artesanato, especificamente com patchwork, mas quando comecei a costurar por conta própria, vi que poderia focar mais no que realmente gostava de produzir: complementos para o enxoval dos bebês, como almofadas, protetores de berço e fluffys. Eu sou apaixonada pelo universo infantil!”, afirma. Ela conta que já teve um estande cujos custos de operação eram divididos com uma sócia, mas que, atualmente, produz suas peças 100% artesanais por encomenda, em casa. “Eu fico espantada com a quantidade de trabalhos que faço, principalmente no fim do ano quando costumo fornecer para lojas também. A grande verdade é que com 70 anos eu aproveito meu tempo trabalhando com o que me dá prazer e fico muito satisfeita de ver os resultados.”
Como viabilizar a abertura de um negócio na aposentadoria
Antes de tudo é preciso despertar o espírito empreendedor. Depois, segundo Claudia, duas perguntas devem ser respondidas: qual é o meu sonho? Como posso realizá-lo?. Desta forma, além de elaborar projetos que fazem sentido à sua vidas, o empreendedor terá capacidade de tecer uma rede de relacionamento que auxiliará na materialização do negócio, através da conexão entre pessoas e ferramentas disponíveis.
“Para um agir consciente é preciso alinhar o pensar – para descobrir novos conceitos -, o sentir – para vivenciar novas habilidades -, e o querer – para praticar novas habilidades. Seguindo estes passos, é possível construir um caminho empreendedor após os 50 anos de idade”, diz Cláudia.
Conheça mais sobre o trabalho da artesã Carmen Lahmeyer