Você vai ser alguém

O que você faria pela pessoa que mais ama, se descobrisse que, em poucos dias, não estaria mais aqui? Nos anos 90, Dona Gioconda teve um câncer de mama que conseguiu vencer, em meses de tratamento. Um susto breve que de leve chegou até Breno, sem traumas. Ainda muito menino, percebia o movimento de parentes e familiares em casa, além dos momentos de ausência da mãe. Acontece que, aos 15 anos, Breno recebia a notícia de que o câncer era, agora, no fígado. Esta já não era notícia leve, nem breve. Era um chamado a este jovem, órfão de pai, também vítima de câncer.

Sem irmãos, era ele e a mãe, a mãe e ele. Contava somente com a ajuda de uma tia e um grande amigo de sua mãe. A semana deste rapaz passava voando, enquanto se dividia entre a escola, o estudo em casa, e acompanhar Dona Gioconda nas consultas, terapias etc.. Não havia paqueras, esportes, cinema, baladas, grupos de trabalho… Dona Gioconda preocupava-se com isso. Como também se perguntava o que aconteceria se ela não estivesse mais aqui. Com quem seu filho iria morar, sendo menor de idade – com a tia, com seu amigo? Daria certo esse convívio? E o mais preocupante: como ele iria se manter? Fez um seguro de vida e compartilhou este segredo com o amigo.

O inesperado aconteceu. Com a melhora de sua mãe, Breno sentiu-se livre para, aos poucos, voltar à vida normal. Dona Gioconda já começava a se dedicar às tarefas domésticas, tudo reassumia o lugar que sempre teve. Passados dois anos…a doença retorna, desta vez em vários órgãos. Esta foi uma trajetória vertiginosa, sem curvas de surpresa. Dona Gioconda faleceu dois meses depois do diagnóstico. O dinheiro do seguro trouxe, sem dúvida, certa tranquilidade ao rapaz, mas sua angústia era tamanha que considerou não prestar vestibular naquele ano. No entanto, em conversa com o melhor amigo de sua mãe, Breno conseguiu lembrar do que ela havia dito horas antes de partir: “Não me preocupo com você. Você fará algo por conta própria e vai ser alguém”.

Esta lembrança trouxe força e determinação. Em memória de Dona Gioconda e por seu amor, Breno prestou vestibular naquele ano para Economia. Cursou a faculdade graças ao benefício, depois veio o mestrado. Não por acaso, montou uma pequena companhia de seguros. Agora ele compreendia que as conquistas de sua vida seriam perdidas, seja porque iriam embora, seja porque ele próprio um dia irá. Para ele, seguro de vida não é um mero negócio, sua profissão existe para apontar novos caminhos na vida das pessoas. E, no fundo, no fundo, a única razão de um seguro de vida é o amor.

[Esta história é fictícia e baseada em fatos reais da vida de um beneficiário de uma companhia de seguros.]

Por Mongeral Aegon

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