Responda rápido: poupança ou conta corrente? Você deve ter respondido:
“A poupança, lógico, porque a caderneta rende e a conta corrente, não!”
Será? Este artigo vai te mostrar que a resposta para essa pergunta não é tão óbvia assim, uma vez que, a depender de seus objetivos e estratégias, a conta corrente pode até ser mais interessante.
Não acredita? Então fique conosco nos próximos minutos e aprofunde seus conhecimentos em finanças pessoais!
Poupança ou conta corrente? Qual a diferença entre as duas?
A diferença fundamental entre as duas é que a primeira é usada para movimentação de dinheiro e realização de compras, enquanto a segunda é tão somente um instrumento de acúmulo de recursos. Como as duas se complementam e dificilmente algum brasileiro vai necessitar apenas de uma delas, a maioria das instituições financeiras, atualmente, já oferece as duas modalidades no momento da abertura da conta bancária.
O que a conta corrente pode trazer em sua rotina?
Para ter uma conta corrente, é preciso assinar um contrato com o banco, ser maior de 18 anos e apresentar comprovante de residência. A conta corrente oferece uma diversidade enorme de funcionalidades, mas em virtude disso, será descontada em sua conta (mensalmente) uma taxa de administração, na proporção dos serviços que você adquiriu. É o chamado “pacote de serviços”.
Os principais recursos oferecidos com a abertura de uma conta corrente são:
- cartão de débito: todas as compras no cartão são descontadas diretamente da conta corrente; não é possível vincular o cartão de débito à conta poupança;
- cartão de crédito: o limite definido no cartão será proporcional aos seus rendimentos mensais comprovados ou à sua movimentação bancária mensal;
- TED e DOC: tratam-se de dois mecanismos para realizar uma transferência entre dois bancos distintos (as diferenças entre um e outro estão no valor das transações permitidas);
- cheques: quase não são mais usados; de todo modo, sem uma conta corrente, você não poderá ter um talão de cheques;
- financiamentos: nenhum banco vai emprestar dinheiro a você sem ter qualquer relação contigo. E essa relação se dá, a princípio, através da abertura da conta corrente. É por meio dela que o banco vai avaliar sua movimentação financeira mensal e, portanto, sua capacidade de pagamento em uma eventual concessão de crédito.
E aí, poupança ou conta corrente? Ainda fica com a poupança sem hesitar?
Como você pôde ver, a maioria dos serviços oferecidos pelos bancos — a partir da conta corrente — é fundamental na vida de qualquer cidadão. Em uma era em que muitos países já preveem até o fim da circulação de papel-moeda, é difícil imaginar alguém que consiga viver sem sequer um cartão de débito (você sabia que as transações em dinheiro vivo representam apenas 5% da atividade econômica do planeta?).
Mas e a caderneta de poupança?
Bom, a poupança é um outro tipo de conta. Embora ela seja muitas vezes entregue juntamente com a conta corrente (em um pacote básico, na abertura da conta), não é nenhuma obrigação do banco vincular os dois serviços. Há inclusive a possibilidade de você abrir apenas a conta poupança em bancos populares, como a Caixa Econômica Federal.
Se a conta corrente lhe permite pagar boletos, fazer compras com cartão e contrair financiamentos, a caderneta de poupança tem uma função singela: serve como canal de formação de reserva de emergência ao cliente.
Como dissemos, não é possível pagar uma compra no cartão descontando o dinheiro da caderneta. Por outro lado, a poupança não sofre a cobrança de quaisquer taxas. Dessa forma, esse instrumento é útil apenas como local de aplicação de recursos.
O rendimento da poupança é bastante baixo em comparação com outros investimentos de igual nível de risco, como Tesouro Direto, CDBs e previdência privada. A fórmula de incidência dos juros da caderneta se dá do seguinte modo:
- quando a taxa SELIC está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês + Taxa Referencial (TR);
- já quando a SELIC está em patamar igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a caderneta renderá anualmente apenas 70% da SELIC + TR.
Um exemplo: se a Selic (cujo patamar é definido em reuniões no Banco Central, a cada 45 dias) estiver em 8%, seu valor depositado em poupança renderá apenas 5,6% ao ano, mais TR. Trazendo para patamares mensais, ficaríamos com 0,46% + TR. Desanimador, não?
Poupança ou conta corrente? Fique com os dois, mas aplique seu dinheiro em investimentos de verdade
Bom, você percebeu que ter uma conta corrente é fundamental. Até para resgatar seus investimentos fora dos bancos (em corretoras de valores ou seguradoras), você precisará indicar uma conta corrente. Então, não há como abrir mão dela.
Já a poupança é interessante como fonte de pequena reserva de emergência, desde que ela não seja usada como centro principal de suas aplicações financeiras. Até porque você já deve ter percebido que a caderneta foi feita para render nada ou quase nada.
Se você estava na dúvida entre poupança ou conta corrente, o ideal é ter as duas, mas direcionar suas economias para um investimento de verdade. Aplicações como CDBs e Letras de Crédito Imobiliário/do Agronegócio (LCI/LCA), títulos do Tesouro Direto e, sobretudo, fundos de previdência privada, também oferecem baixo risco, com o diferencial de serem muito mais rentáveis do que a caderneta.
No caso da previdência privada, por exemplo, quem opta por uma de suas modalidades (o PGBL), pode deduzir o valor investido no ano na Declaração Anual de Ajuste de IRPF, desde que o montante não ultrapasse o limite de 12% de sua renda bruta tributável (e que a declaração seja feita no formulário completo).
Além disso, a rentabilidade da previdência privada chega a ser até o triplo da poupança, a depender dos gestores e das aplicações feitas no fundo. A previdência privada também não entra no inventário, sendo transmitida aos seus herdeiros (em caso de fatalidade) com extrema rapidez (diferentemente dos demais bens, que ficam anos em “stand-by”, aguardando decisão judicial).
Demos apenas um exemplo, o da previdência privada. Existem outros muitos caminhos mais interessantes do que a poupança, o que mostra que é possível utilizá-la, mas sem ter nela o foco central de sua acumulação de capital. Afinal, quantas pessoas você conhece que ficaram ricas investindo em poupança?
Por fim, é importante destacar que nenhuma aplicação possui risco zero e isso vale para a caderneta de poupança também. A segurança da caderneta se dá pela proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura ressarcimento aos correntistas em caso de falência do banco…desde que o valor depositado seja até de R$ 250 mil por CPF e por instituição.
Agora eu te pergunto: e se você tiver R$ 500 mil em poupança e o banco falir? Já sabe a resposta, né?
Dúvidas sanadas sobre ter conta poupança ou conta corrente? Ficou curioso em saber que a poupança não é a galinha dos ovos de ouro que muitos brasileiros imaginam? Então confira aqui os 8 motivos para não investir na caderneta de poupança!