Já pensou em tudo o que você poderia fazer se o dinheiro simplesmente não fosse uma questão na sua vida? Que tal conhecer o mundo, abrir o próprio negócio, trabalhar menos ou aprender a velejar?
É claro que não existe nenhuma fórmula mágica que se aplique a todo mundo e nem uma receita milagrosa que dê resultados da noite para o dia. No entanto, você ficaria surpreso com os resultados que pode obter no médio ou longo prazo com um bom planejamento financeiro.
Talvez um dos aspectos mais relevantes dentro desse contexto seja o controle das despesas, já que é aqui que muitas pessoas encontram as maiores dificuldades. Por isso, explicaremos ao longo desse material como você pode chegar cada vez mais perto da realização dos seus projetos de vida com apenas 5 passos simples.
Nosso objetivo é mostrar que existe uma alternativa à vida com a corda no pescoço o tempo todo. E mais: que isso é possível para tudo mundo, independentemente do tamanho do salário ou da conta bancária. E aí, vamos começar essa jornada?
1. Entenda quais são os desafios do controle de despesas
Existem dois grandes desafios associados ao controle de despesas nas contas pessoais. O primeiro é procurar obter o conhecimento necessário para fazer uma boa gestão das contas e o segundo é ter disciplina para manter registros detalhados sobre informações financeiras importantes.
Ao longo de todo o artigo de hoje, procuramos compilar de forma didática todas as orientações que você vai precisar para ter o conhecimento necessário para controlar as despesas.
No entanto, todo esse conhecimento será de pouco ou nenhum valor se não tivermos a disciplina necessária para registrar todos os nossos gastos e abrir mão daquelas despesas que não contribuem para o nosso projeto de vida.
Acompanhe o movimento de entrada e a saída de dinheiro da sua conta
O principal erro cometido por iniciantes ao tentar controlar as finanças pessoais é não fazer um diagnóstico correto de suas receitas e despesas. Geralmente ignoramos essa etapa por acharmos que já conhecemos nossos hábitos.
No entanto, quase sempre a imagem que temos de nós mesmos cai por terra quando confrontamos nosso comportamento com os números. Controlar as despesas exige, portanto, uma boa dose de autoconhecimento.
Experimente passar um mês inteiro tomando notas de tudo o que você gasta e também de tudo o que recebe: tenho certeza de que você também irá se surpreender com alguns números!
Com o diagnóstico em mãos, podemos tentar ir um pouco mais longe e pensar nas despesas e receitas ao longo de todo o ano. Isso significa levar em consideração todas aquelas despesas e receitas eventuais, que não ocorrem todos os meses. Estamos falando, por exemplo, do IPVA do carro, da participação nos lucros da empresa etc.
2. Saiba como ter controle sobre as suas contas a pagar
Seja organizado
Antes de pensar em qualquer outra coisa, o grande segredo para tomar as rédeas das despesas domésticas é a organização. Comece separando contas pagas das não pagas. Em seguida volte-se para a pilha de contas não pagas e separe as que já venceram das que ainda vão vencer.
Nas contas vencidas e ainda não pagas, dê prioridade às mais antigas, pois assim você evita a interrupção do serviço em questão, além, é claro, de interromper a contagem dos juros.
As contas que já foram pagas devem ser arquivadas em uma pasta separada e descartada de tempos em tempos. O tempo que cada despesa deve ser mantida nesse arquivo antes de ser descartada em definitivo varia conforme a natureza da despesa em questão.
O tempo máximo que você precisa guardar uma conta é cinco anos, caso você tenha declarado a despesa com o objetivo de receber uma restituição no imposto de renda. Esse é o tempo máximo que a Receita Federal tem para solicitar que você apresente a comprovação da despesa (o que pode acontecer, caso você pague um plano de saúde, por exemplo).
Medidas simples como essas já podem dar um resultado prático enorme na hora de controlar os custos. Tudo o que você precisa é de algumas pastas e muita disposição para arrumar a papelada.
Caso você já esteja acostumado às faturas e contas digitais, também é importante manter a organização do desktop do seu computador e também das pastas virtuais em que você guarda as contas da sua casa!
Renegocie dívidas e contratos
Há quanto tempo você não pesquisa preços de serviços de banda larga ou telefonia móvel, por exemplo? Saiba que você pode estar pagando mais do que o valor de mercado. Isso acontece porque muitos desses serviços acabam se tornando mais baratos com o passar do tempo, em virtude de avanços tecnológicos ou mesmo da concorrência entre os fornecedores.
Uma boa dica é procurar ofertas melhores para todos os serviços em que você já não esteja mais preso ao contrato. Normalmente esse período costuma ser de um ano, mas vale a pena consultar as cláusulas de cada contrato ou termo de adesão para se certificar.
As dívidas também podem e devem ser renegociadas de tempos em tempos. Muitos bancos tem o hábito de renegociar dívidas e, por vezes, até mandam propostas para seus clientes. Para os bancos também é vantajoso renegociar dívidas, mesmo que isso signifique receber menos do que eles têm direito pela lei e pelo contrato de abertura de crédito.
Isso acontece porque o banco também tem medo de levar um calote. Inclusive, o Código Civil brasileiro estabelece que as dívidas prescrevem em cinco anos. Isso significa que quando a dívida completa cinco anos de idade o banco não pode mais exigir judicialmente o pagamento e nem impor qualquer tipo de sansão ao devedor, como, por exemplo, fazer constar o seu nome em qualquer tipo de cadastro de restrição ao crédito (SERASA, SPC).
Assim, não fique pensando que fazer um acordo com o banco no sentido de renegociar uma dívida só traz vantagens para você, O banco também está interessado em receber e, muitas vezes, é melhor levar menos, mas com a certeza de que o pagamento será realizado.
Crie um calendário de eventos especiais
Ao longo do ano, existem muitas datas que podem representar gastos excepcionais no orçamento doméstico, tais como: natal, réveillon, páscoa, dia das mães, dos pais e aniversários na família ou de amigos próximos.
Mesmo sem comprar presentes caros, dificilmente dá para escapar da famosa “lembrancinha”. Além do mais, a comemoração desses eventos em bares ou restaurantes também acaba trazendo despesas adicionais, para as quais geralmente não nos planejamos. Temos que procurar evitar essas surpresas.
Pague as contas em dia
Podemos afirmar com toda a certeza que a despesa mais inútil dentro de qualquer orçamento pessoal é o pagamento de multas e juros de mora. Isso porque não obtemos nenhum benefício em troca do dinheiro que desembolsamos.
Pare para pensar: mesmo quando cometemos algum excesso, como comer em uma churrascaria cara, ainda estamos obtendo um benefício com isso: o prazer de comer bem, mas quando gastamos nosso suado dinheirinho pagando juros para o banco, o que levamos em troca?
Por isso, recomenda-se que, na medida do possível, as contas sejam pagas em dia, com atenção redobrada para a fatura do cartão de crédito (que deve ser paga integralmente), o cheque especial e os empréstimos bancários, já que eles são responsáveis pelos índices mais altos de juros.
Outras contas, como, por exemplo, conta de luz, telefone, água, gás, costumam ter multa e juros bem mais baixos. Se tiver que escolher entre atrasar qualquer uma delas ou a fatura do cartão de crédito é melhor pagar a fatura primeiro, mas o ideal mesmo é pagar todas as contas em dia.
3. Saiba quais são os gastos desnecessários
A primeira dica antes mesmo de começar a economizar dinheiro é separar o joio do trigo quando estamos falando de gastos. Se quisermos alcançar nossos objetivos financeiros temos que cortar todos os gastos que não sejam estritamente necessários.
Isso não quer dizer, entretanto, que devemos gastar dinheiro apenas com teto e comida, afinal, precisamos de muito mais que isso para viver. Qualquer planejamento financeiro que não inclua uma parte do orçamento para o lazer, por exemplo, está fadado ao fracasso.
É possível que fiquemos uma semana sem beber uma cerveja com os amigos ou sem comprar um livro novo, mas quando essa situação perdura por vários meses, a tendência é que abandonemos nossas metas e o controle sobre nossos gastos.
É claro que pagar o aluguel, as contas da casa e fazer compras no supermercado são despesas essenciais, mas não podemos estabelecer de forma objetiva tudo o que necessário e o que é desnecessário porque isso depende muito de pessoa para pessoa. O que vale para você pode não valer para o seu vizinho.
Com isso, estabeleça tudo aquilo que é necessário para você, não caia na furada de tentar seguir receitas de sucesso dos outros. É claro que se você for o provedor do seu lar também é muito importante procurar dialogar com os membros da família para poder chegar a um consenso sobre o que, de fato, é necessário e o que é desnecessário.
Compre somente o necessário
É sempre bom lembrar que atingir metas financeiras implica em abrir mão de prazeres menores e imediatos em nome de um bem mais valioso no longo prazo. É incrível o que podemos fazer no longo prazo se economizarmos apenas alguns trocadinhos todos os dias.
Cinco reais por dia representam 150 reais no final do mês, 1800 reais no final do ano e 18 mil reais ao longo de dez anos. Isso tudo sem levar em consideração todos os frutos que esse dinheiro pode render caso seja aplicado em alguma forma de investimento.
Uma dica importante é tomar cuidado com as compras impulsivas. Às vezes precisamos de um tempo para racionalizar o que está nos levando a querer comprar determinada coisa. Se é a necessidade ou simplesmente o desejo.
Por isso, é importante sempre fazer listas de compras antes de sairmos de casa para o supermercado ou para o shopping. Caso vejamos alguma coisa interessante fora da nossa lista, é bom tomar notas e refletir em casa sobre a real necessidade de comprar aquilo. Caso a necessidade seja real você pode comprar o produto da próxima vez.
Temos que tomar um cuidado especial com as compras online porque elas facilitam em muito que o padrão de comportamento do consumidor seja do tipo impulsivo. Comprar pela internet não pode ser visto como um esporte ou diversão.
4. Comece a economizar
Estabeleça objetivos e metas
O primeiro passo para economizar dinheiro é estabelecer seus objetivos e as metas financeiras necessárias para chegar lá. O objetivo é aquilo que te motiva a controlar os gastos e planejar suas finanças. Pode ser manter ou ampliar o poder de compra na aposentadoria, viajar o mundo, cobrar um chalé na serra, abrir um restaurante ou qualquer outro projeto importante para a sua vida.
As metas são como uma rota entre o lugar que estamos agora e o nosso objetivo. Trata-se do caminho que devemos trilhar para a realização dos nossos projetos de vida sob o ponto de vista financeiro.
A dica mais importante aqui é criar metas razoáveis que possam ser cumpridas. Quando nos empolgamos e criamos metas ambiciosas demais, acabamos não conseguindo cumpri-las, o que, inevitavelmente, acaba gerando uma grande dose de frustração, aumentando significativamente a probabilidade de abandonarmos nosso planejamento financeiro.
Compare preços antes de comprar
Pesquisar preços antes de comprar os produtos que precisamos é um hábito extremamente saudável, independentemente da faixa salarial do consumidor. E, ao contrário do que muitos pensam, não precisa ser uma atividade desagradável. Podemos pensar na pesquisa como um desafio para encontrar o menor preço do mercado e até engajar as crianças nessa atividade.
Dê preferência para os pagamentos à vista
Existem pelo menos dois bons motivos para dar preferência aos pagamentos à vista. Em primeiro lugar, podemos apontar o fato de que na maior parte das vezes é possível negociar um desconto. O outro motivo é o fato de controlarmos melhor os gastos com pagamentos à vista do que quando financiamos ou compramos no cartão de crédito.
Para os fornecedores é muito mais vantajoso receber pagamentos à vista e em dinheiro, já que eles recebem o valor imediatamente e sem nenhum desconto do banco. Quando vendem no crédito ou débito, nem sempre recebem o valor imediatamente e, além disso, ainda pagam um percentual da venda ao banco. É claro que esse percentual, bem como o tempo que demora para que recebam o valor são repassados para o consumidor.
Por isso, muitos lojistas têm condições de oferecer um bom desconto que varia em torno de 10 por cento quando o pagamento é feito à vista e em dinheiro, especialmente quando estamos falando de produtos mais caros, como eletrodomésticos, móveis ou peças de carros.
Use o cartão de crédito com responsabilidade
Muitas pessoas tendem a acreditar no mito de que o cartão de crédito é o vilão das finanças pessoais. No entanto, como veremos, isso não é bem verdade! A grande verdade é que o cartão de crédito é apenas uma ferramenta.
Se soubermos utilizá-la corretamente, poderá trazer grandes benefícios para nossa saúde financeira. Se, por outro lado, abusarmos das vantagens que ela oferece, podemos ficar em apuros.
Além dos benefícios mais evidentes do cartão de crédito, como a possibilidade de parcelar compras que não poderiam ser feitas à vista e jogar algumas despesas para o mês seguinte, também é bom contar com um bom sistema de milhas, isto é: vantagens dadas pela operadora em troca da utilização do cartão.
Mas atenção: procure observar se as vantagens oferecidas pelo seu plano de milhas representam vantagens palpáveis para você. Muitos programas conferem milhares de pontos e quando vamos ver esses milhares de pontos não compram nem uma raspadinha na banca de jornais.
5. Use ferramentas para orçamento pessoal
A essa altura você já deve estar pensando que manter as despesas sob o controle é uma tarefa e tanto, não é mesmo? A boa notícia é que você não está sozinho nessa batalha. A tecnologia tem se destacado como uma grande aliada da família brasileira quando o assunto é controle financeiro.
Além das consagradas planilhas de controle de custos, hoje em dia há um amplo leque de softwares que podem ser instalados no seu computador pessoal ou até mesmo em smartphones e tablets, de modo a auxiliar o controle das despesas e o planejamento financeiro em geral.
Não tenha medo de experimentar. Uma hora você vai encontrar um método que se encaixe perfeitamente com a sua rotina. Seja um aplicativo integrado com a nuvem, seja um caderninho e um lápis, o importante é não deixar de tomar nota das despesas.
Por que devemos economizar e controlar as despesas?
Já vimos que o motivo por trás de economizarmos uma parte dos nossos rendimentos é dar vida aos nossos objetivos, mas será que tem alguma coisa faltando entre a economia no fim do mês e a realização de um sonho ao final de um período de cinco ou dez anos?
Ao contrário do muitos podem pensar, o caminho mais curto entre você e a realização dos seus projetos de vida, não está debaixo do colchão, no porquinho e nem na caderneta de poupança. Isso acontece por um motivo muito simples: deixar seu dinheiro parado é como remar contra a correnteza, você pode nem sair do lugar.
O grande vilão do dinheiro parado, é claro, é a inflação. Evidentemente a inflação não está tão alta como era na década de 80 ou no início da década de 90, mas, mesmo assim, corremos o sério risco de perder dinheiro com o passar do tempo se não o aplicarmos em algum tipo de investimento.
É bem verdade que a poupança oferece alguma rentabilidade para o correntista e é melhor deixar o dinheiro na poupança do que dentro do cofre. No entanto, os especialistas já deixaram de considerar a caderneta de poupança como um investimento porque, acredite, o retorno consegue ser menor do que a inflação. É isso mesmo, aplicar dinheiro na poupança significa perder dinheiro com o passar do tempo!
Diante desse cenário, é preciso abrir os olhos para outras possibilidades. É mais do que razoável que tenhamos uma pequena reserva para emergências na conta poupança, já que a grande vantagem aqui é a disponibilidade imediata dos recursos quando precisarmos, mas o restante das nossas economias, direcionados para as metas mais ambiciosas, deve estar protegido.
A segunda grande vantagem do investimento, além de proteger o dinheiro da ação da inflação, é proporcionar um rendimento real, isto é: aos pouquinhos é possível aumentar os seus rendimentos, melhorando o seu padrão de vida ou aumentando a quantidade de dinheiro que você economiza ou investe todo mês, fazendo com que você se movimente ainda mais rápido na direção das suas metas.
Por fim, nos despedimos do leitor fazendo um alerta muito importante no contexto do controle das despesas pessoais: viva de acordo com o seu padrão de vida! É claro que o padrão de vida não se mantém o mesmo durante toda a vida, inclusive, o grande objetivo de controlar as despesas e planejar as finanças é aumentar nossos rendimentos e, consequentemente, nosso poder de compra.
Assim, não se trata de ser ou não ambicioso, mas apenas de saber ler a situação financeira atual e planejar os gastos de acordo com ela. É claro que temos que querer mais e melhor para nós mesmos e também para aqueles que amamos, mas isso envolve a criação de uma estratégia a que chamamos de planejamento financeiro.
O que não podemos fazer é colocar a carroça na frente dos burros, isto é: gastar além das possibilidades. Temos que trabalhar duro para aumentar nossas possibilidades e não simplesmente recorrer ao crédito bancário como um atalho.
A boa notícia é que você não precisa deixar de fazer o que gosta, deve apenas adaptar os projetos às suas possibilidades. Vamos supor por um instante que você seja um grande entusiasta do futebol, assim como boa parte dos brasileiros.
Nesse caso, você pode acompanhar o esporte pela TV aberta, pela TV fechada, pode ir ao estádio assistir ao jogo na arquibancada ou no camarote, pode viajar pelo mundo acompanhando as emoções do seu time de coração. O importante é escolher a modalidade de envolvimento com aquilo que você gosta que seja compatível com o bolso.
E aí, gostou do nosso material? Então baixe agora mesmo nossa planilha de orçamento pessoal e coloque em prática tudo o que você aprendeu!