Agências de rating: o que são e como funcionam?

Com as crises financeiras que atingiram os países desenvolvidos em 2008 e a recessão que o Brasil enfrentou, muito se ouviu falar sobre “grau de investimento”. E, de fato, essa terminologia faz parte do trabalho das agências de rating.

Ao buscar uma aplicação financeira para investir o seu dinheiro, a classificação de risco deve fazer parte da sua análise, para que você faça escolhas seguras e não caia no perigo de perder os recursos que juntou.

Por isso, neste post vamos explicar o que são as agências de classificação de risco, para que elas servem e como funciona o sistema de notas.

Depois, veremos a diferença entre “grau de investimento” e “grau especulativo. Ao final, você entenderá a importância de analisar o rating do emissor e do investimento onde pretende alocar suas economias.

Interessado? Então continue lendo e saiba como não colocar o seu futuro financeiro em risco:

O que são e para que servem as agências de rating?

agências de rating

Vamos começar explicando o que é rating.

Na tradução literal da língua inglesa para o português, rating significa “classificação”, “avaliação” ou “nota”. Logo, agências de rating são empresas que fazem uma avaliação de risco de organizações privadas ou públicas e de países que tomam crédito emprestado de pessoas físicas ou jurídicas.

Essa análise é feita com base na capacidade de o emissor (a companhia ou o país) pagar uma dívida. Portanto, na hora de um credor emprestar dinheiro a um país — comprando títulos do Tesouro, por exemplo — ou a uma empresa, podendo ser por meio de debêntures, ele deve consultar qual o rating desse tomador.

Quem contrata a agência de rating são os emissores das dívidas, para atribuir uma nota aos títulos

As principais agências de classificação de riscos do mercado são a Moody’s, a Fitch e a S&P – Standard & Poor’s, mas o setor também conta com centenas de pequenas instituições que fazem esse tipo de trabalho ao redor do mundo.

Como funciona a classificação feita por essas agências?

Vamos supor que um grande amigo seu está precisando de um empréstimo para reformar a casa e vem te pedir ajuda.

Você conhece essa pessoa há muitos anos, sabe que é alguém correto e que honra com os seus compromissos. Então, você empresta o dinheiro sem, ao menos, querer cobrar qualquer tipo de taxa de juros.

Mas o seu amigo insiste em te pagar algum valor a mais do que o crédito que você disponibilizou para ele. Como você não tem dúvidas que ele te pagará e que o fará na data acordada, você decide cobrar uma taxa bem pequena, só para cobrir a inflação do período.

Agora, em um outro cenário, vamos imaginar que um conhecido seu, alguém que você já não vê há algum tempo, te procura para pedir dinheiro emprestado.

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Nesse caso, como você não sabe como está a vida dele — afinal vocês não se falam há anos —, você até cogita a possibilidade de fazer esse empréstimo a ele, mas em condições diferentes da situação anterior.

Sem ter muita certeza se ele te devolverá o dinheiro, a condição para ajudá-lo será cobrar uma taxa de juros mais alta do que a do seu amigo do exemplo acima.

É assim, grosso modo, que funcionam as avaliações das agências de rating. Elas identificam se as empresas ou os países são bons pagadores, ou não, identificando o risco de calote dos tomadores de crédito.

Quais são os critérios levados em conta, e como funcionam as notas?

agências de rating

Após consultas com membros da administração fiscal, um estudo minucioso e uma reunião com o comitê de pontuação, a agência concede uma nota. Assim, o rating é a soma de vários fatores, tais como:

• ambiente político;

• ambiente institucional;

• margem de manobra do orçamento;

• endividamento do emissor;

• know-how dos executivos;

• garantias de pagamento.

As três principais agências de rating, citadas no início deste post, têm pequenas diferenças na nomenclatura de suas notas, mas o conceito é o mesmo entre todas.

Elas são divididas entre “grau de investimento” e “grau especulativo”. Entenda a diferença:

Grau de investimento

Começa no AAA, ou “triplo A”, que é a classificação de risco mais elevada, e vai até o Baa3 (Moody’s) ou BBB- (S&P e Fitch), a última nota que concede o selo de bom pagador ao emissor. Este critério significa que o protagonista econômico tem baixo risco de calote (nível A) ou uma pequena chance de não arcar com suas dívidas (nível B).

Grau especulativo

Vai do Ba1 (Moody’s) ou BB+ (S&P e Fitch) até o D, que é o estágio de moratória, ou seja, risco eminente de calote ou calote concretizado. Emissores até B3 (Moody’s) ou B- (S&P e Fitch) são considerados como de risco moderado, enquanto os pertencentes ao nível C têm risco elevado de não arcar com seus pagamentos.

O que leva um rating a ser rebaixado, e quais são as consequências disso?

Uma nota pode ser rebaixada em razão de vários fatores, como perspectivas fracas de crescimento econômico ou ineficácia de um plano de austeridade, como tem acontecido com as contas públicas brasileiras. E esse rebaixamento de nota de um país tem como consequência a alta da sua taxa de juros para os empréstimos, tanto para Estados quanto para empresas.

Se eu vou pegar dinheiro emprestado e minha empresa não tem grau de investimento, terei que pagar taxas de juros mais altas para quem me emprestou. Caso minha empresa tenha o grau de investimento, a taxa de juros que eu vou pagar pelo empréstimo será menor.

Nesse sentido, o fato de o Brasil — que tinha conseguido em 2008 o grau de investimento — ter sido rebaixado para grau especulativo, em 2015, fez com que o país, e até mesmo as empresas brasileiras, tenham que pagar mais caro ao buscar crédito no mercado.

Como fazer para analisar o rating do emissor em que pretendo investir?

Nem sempre as agências de rating estipulam a mesma nota para determinado emissor, pois todas são independentes umas das outras.

Também pode acontecer de um banco ser classificado como um triplo A, por exemplo, e um CDB emitido por ele ter nota triplo B. Ou seja, o protagonista econômico em questão pode ter grau de investimento, mas um título emitido por ele ainda pode fazer parte do grau especulativo.

Isso acontece porque são considerados fatores de avaliação tanto a companhia como um todo, como para o produto específico a ser vendido ao mercado.

Consultar o rating diretamente do site das agências pode ser complexo para quem não tem experiência com o mercado de capitais. Por isso, as corretoras mais relevantes do mercado costumam fornecer esse tipo de informação, junto a outros dados do papel que você pretende comprar.

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Por Mongeral Aegon

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