Plano de vida e carreira: afinal, qual é a sua causa?

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Plano de vida e carreira

Peter Drucker (1909-2005) já dizia: “A melhor maneira de prever o futuro é cria-lo”. Não à toa, Drucker – de origem austríaca, porém radicado nos EUA – foi considerado o pai da administração moderna, analisando o fenômeno da globalização na economia e apontando a importância das pessoas nas organizações.

Em um momento em que discutimos temas como economia criativa, ações colaborativas, empreendedorismo social e plataformas de financiamento coletivo (crowfunding) de projetos, atuar em rede é essencial – não apenas nas mídias sociais, mas participando ativamente de movimentos, encontros, debates sobre causas com as quais você se identifica. É a causa que mobiliza e é na causa onde talvez as oportunidades estejam.

Empreender com pouco é possível?

Há exatos 20 anos iniciei uma trajetória como empreendedor cultural. O investimento inicial foi de apenas R$ 2 mil na adequação de uma casa abandonada em Botafogo, no Rio de Janeiro (até aquele momento identificado como um bairro “Labo B” da Zona Sul da cidade). Foi um grande laboratório criativo, com artistas, produtores e parceiros trabalhando exclusivamente para viabilizar a arte e servir como ponto de encontro para quem não encontrava na cidade muitos espaços para essa convivência.

O segundo empreendimento, quatro anos depois, teve investimento de R$ 25 mil. Uma pequena reforma de uma outra casa, no mesmo bairro, deu sequência nos planos de manter um centro cultural-galeria-laboratório. O terceiro empreendimento foi na Lapa, no Rio Antigo, em 2004. O investimento foi maior, de R$ 600 mil.

Manchester, na Inglaterra, e Lapa, no Rio de Janeiro: transformação por meio da música

A oportunidade na Lapa estava nos imóveis com aluguéis acessíveis em um bairro que ensaiava ainda uma recuperação por meio da música e de ideias como levar rodas de choro e samba para antiquários ou montar uma lona de circo em frente aos Arcos da Lapa para as mais diversas expressões artísticas. Um processo que também ocorreu em Manchester, na Inglaterra, região afetada pela crise da velha indústria. A cidade se reinventou com casas de shows, festas e a ocupação de galpões abandonados. Em Bilbao, na Espanha, a decisão de construir uma unidade do Museu Guggenheim alterou a trajetória de crise econômica, criando uma ilha de prosperidade, em um plano integrado para atividades do turismo e outros serviços.

Minha causa é a cultura e minha ferramenta é a articulação. Acredito no impacto social por meio da educação e preparação para a atuação no setor cultural, e mesmo nas transformações urbanas por meio da criação de ações na rua ou no investimento em novos equipamentos culturais. É preciso estimular grupos multidisciplinares, pensando e agindo para melhorar o ambiente urbano, integrando comunidades e respeitando a diversidade. Por isso desenvolvemos um programa chamado Territórios Criativos, em parceria com o Instituto Gênesis da PUC-Rio.

Você sabe qual é o setor?

Para alcançar esses objetivos, acredito que devemos planejar nossas vidas a carreiras. Pare e pense: qual é o seu setor? Onde você deseja estar em 10 anos? Observando as tendências, identificando oportunidades onde nem sempre elas parecem tão óbvias, você pode chegar lá.

“Nós somos as redes para as quais podemos retornar”, disse certa vez o cientista Silvio Meira, cientista pernambucano especializado em tecnologia da informação e um dos fundadores do Porto Digital, em Recife.

E você, qual é a sua causa?

Por Léo Feijó

Leo Feijó é jornalista e pesquisador do Núcleo de Economia Criativa do Instituto Gênesis da PUC-Rio. Criou 10 espaços culturais – como Teatro Odisseia e Cinemathe que - e fundou os primeiros polos de cultura da cidade. Coordena o programa Territórios Criativos do Rio e o programa Música & Negócios PUC-Rio. Dedica-se no momento ao seu novo empreendimento, o LAB_71, um espaço colaborativo com 15 empreendimentos residentes, em Botafogo.