Como funcionam os investimentos de alto risco?

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O que são investimentos de alto risco para você? Uma pesquisa feita em 2016 pela SPC Brasil mostrou que mesmo com a baixa rentabilidade líquida, o brasileiro continua investindo em poupança (preferida por 69,5% da população) tão somente pelo desconhecimento de outros investimentos. O que muita gente não sabe é que a própria caderneta possui algum grau de vulnerabilidade e é aqui que começamos nossa reflexão: não existe risco zero no mercado financeiro.

No mundo das aplicações financeiras, risco se refere à probabilidade de alguma incerteza impactar os resultados projetados em seus investimentos. Ele é formado por um conjunto de fatores, que passam não somente pelo ativo em si mesmo, mas pelas próprias características do investidor.

O que são investimentos de alto risco?

Conforme dissemos acima, não existe investimento com 100% de chance de sucesso. A caderneta de poupança, por exemplo, tem segurança limitada, haja vista que o Fundo Garantidor de Crédito só assegura ressarcimento de, no máximo, R$ 250 mil por CPF caso a instituição financeira depositária venha a falir. Até mesmo deixar seu dinheiro no colchão pode trazer frustrações, considerando que você seja roubado ou que uma inundação destrua suas economias. O problema não é o risco de uma aplicação, mas a forma como ele é gerenciado.

Existem diversos tipos de investimentos com alto grau de incerteza de retorno, e sua definição, algumas vezes, se altera de acordo com o investidor. Por exemplo, para os que não têm experiência, há risco elevado em qualquer investimento em renda variável (e até em alguns de renda fixa).

Já em outros casos, algumas peculiaridades inerentes à aplicação (volatilidade extrema), à empresa responsável pela custódia (possibilidade de falência) ou até mesmo ao mercado (variação da taxa de juros, inflação, aumento de tributos) credenciam um papel como de risco elevado. De forma geral, os ativos:

  • em renda variável;
  • com pouca movimentação diária (falta de liquidez);
  • oriundos de empresas pouco conhecidas/que estejam em dificuldades financeiras/ou que atuam em mercados muito voláteis são considerados investimentos de alto risco.

Vale ponderar, entretanto, que existem inúmeros tipos de vulnerabilidades a que um investidor está sujeito. Os mais importantes deles são o risco legal (comprar ativos de agentes não autorizados), de crédito (calote), de mercado (ativo não render o esperado por questões macroeconômicas), de liquidez (dificuldade em converter um ativo em dinheiro) e operacional (falhas nos sistemas de negociação).

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Quais as vantagens e desvantagens de fazer investimentos de alto risco?

  • Desvantagens

Vamos começar de forma inversa, falando das desvantagens dos papéis de alto risco. As ações listadas na Bolsa de Valores são classificadas informalmente pelos especialistas em diversas categorias. Usemos então os dois extremos (blue chips e os chamados “micos”) para compreender os problemas das aplicações com esse nível intenso de vulnerabilidade.

As blue chips se referem a ações de empresas de grande porte, com boa reputação no mercado e resultados financeiros satisfatórios. Esses ativos possuem altíssima liquidez (você compra/vende em poucos segundos) e grande volume de negociação diária.

Por sua vez, existem os “micos”, ações encalhadas que custam alguns poucos centavos e são oriundas de empresas falidas ou em recuperação judicial, sem transparência em seus balanços, com pouquíssima liquidez e ínfimo volume de transações durante o pregão.

Pois bem. Uma empresa como essa facilmente pode fraudar o resultado de balanços, escondendo dos investidores uma saúde financeira próxima do óbito.

Essas companhias, por terem baixíssimo volume de negociação diária, podem também facilmente terem os preços de suas ações subvertidos por algum movimento fraudulento de mercado (a chamada “bolha”), responsável por levar milhões de investidores anualmente à penúria.

Isso sem falar na baixa liquidez, que pode fazer você ficar eternamente com ações impossíveis de serem vendidas.

Perceba que, seja qual for o risco, você perderá seu capital investido. Compreendeu a desvantagem desse tipo de investimento?

  • Vantagens

Você deve estar se perguntando qual então o motivo pelo qual tantos investidores ainda mergulham em ativos de alto risco. A questão é que esses papéis são “tudo ou nada”. Perde-se muito…ou ganha-se muito também.

Para fins didáticos, vamos manter os exemplos, o dos micos da Bolsa de Valores. Mais especificamente, vamos tratar da “Bolha do Alicate”, ocorrida entre 2010 e 2011.

Nessa época, as ações de uma nanica da Bolsa, a Mundial (fabricante gaúcha de alicates e tesouras) dispararam sem qualquer razão lógica. Em 5 meses, a cotação do papel saltou impressionantes 2.950%, passando de R$ 0,23 em março/2011 para R$ 7,01 em julho do mesmo ano.

A febre pelas ações da Mundial fez muita gente até vender casa para comprar seus ativos. O problema é que uma empresa sem fundamentos/transparência não poderia se tornar maior do que a Petrobras ou a Vale (em valor de mercado) de um dia para o outro sem que houvesse algo errado. E havia: um movimento fraudulento de manipulação de preços atestado e coibido mais tarde pela CVM.

O fato é que quem comprou R$ 100 mil em ações da Mundial em março/2011 e as vendeu em julho do mesmo ano, saiu com quase R$ 3 milhões. Eis a vantagem desse tipo de investimento (possibilidade de ganhos fora do normal). A desvantagem é perder tudo, como muitos investidores da época.

Para qual perfil de investidor essas aplicações são recomendadas?

Alguns investimentos são praticamente “proibidos” a qualquer investidor minimamente ponderado, tais como as aplicações nos micos citados acima. Entretanto, há investimentos de risco elevado que não necessariamente representam irresponsabilidade. Ou seja, é possível aplicar e ter um excelente retorno. É o caso dos derivativos, que falaremos mais abaixo.

O ponto aqui é entender que os investimentos de alto risco são adequados a um perfil de investidor que possua, em conjunto, estas características:

  • longa experiência no mercado financeiro;
  • bom volume de patrimônio acumulado;
  • capital investido de forma diversificada;
  • alta tolerância à volatilidade das cotações;
  • estabilidade financeira e profissional;
  • foco em operações mais arrojadas, visando multiplicação do patrimônio.

Exemplos de investimentos de alto risco

Conforme falamos acima, um exemplo de aplicação de risco elevado (sem necessariamente indicar irresponsabilidade) são os derivativos. Tratam-se de contratos cujo valor deriva em grande parte de um ativo, taxa ou índice subjacente. Entre os mais conhecidos derivativos estão as operações de swap e as opções.

Outro exemplo de aplicações de alto risco são as criptomoedas, cujo risco está fundamentalmente apoiado na falta de regulação. Mas há ainda outros riscos, tais como:

  • risco de mercado: não há nenhuma garantia do valor de mercado do bitcoin, por exemplo;
  • risco de sistema: se não há nenhuma autoridade responsável, quem pode garantir que não haverá roubos?;
  • risco de usabilidade: esquecimento de senhas, perda de pendrives e discos rígidos formatados. Em 2013, o americano James Howells jogou na lata do lixo um HD que continha 7,5 mil bitcoins, o equivalente a R$ 4,7 milhões.

Em todos os casos, mitigar os potenciais danos dos investimentos de alto risco passa por estudar com afinco o mercado, bem como ter, em paralelo, aplicações de proteção, como plano de previdência privada.

Continue conosco e descubra agora o passo a passo definitivo de quem deseja começar a investir!


Por Mongeral Aegon

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